sábado, 28 de fevereiro de 2009

...a cidade e a politica...

Quatro grandes coisas formam a cidade de que falarei agora. Seis é feita da mistura do tempo, do meio, do indivíduo e da sociedade. Uma mescla que dá forma à cidade da política e da representação mais democrática que já tive a honra de conhecer.
Refletindo sobre esta cidade, uma coisa me chamou a atenção e talvez seja esta a imagem mais próxima da realidade cotidiana. Vi que todos os habitantes desta cidade, sempre instruídos, carregam sob o braço um pequeno livreto que fala dos quatro ingredientes necessários para que ela exista.
Para eles, o tempo é um fluir constante. Incessante. Abstração da percepção do movimento das coisas. Expressão da relação entre anterior e posterior. Percebem o meio como espaço, extensão indefinida. Uma inércia dinâmica, um conter e estar contido. Experimentação, preenchimento e acolhimento. Têm no indivíduo um eu coletivo, uma maneira de sobreviver com igualdade, um personagem indispensável para a democracia. E finalmente a sociedade é a coletividade, a variedade, a diversidade e a multiplicidade. Vastidão do viver individual. Resultado prático da proposta de vida de cada um, focada na existência do outro.
Observando assim esta cidade parece abstrata e de difícil compreensão. Exatamente. Ela é tão complicada quanto é democrática. Não poderia ser diferente, pois além de todos serem iguais (nos traços físicos, intelectuais e culturais) existe uma constante ausência das dificuldades e do próprio caos. A realidade hermética de Seis sobrevive bravamente nos ideais mais íntimos de seus habitantes.
Entretanto, paralelamente a esta Seis existe outra Seis onde observa-se apenas ratos, dragões e almas desgarradas. Nesta segunda cidade, à moda de uma terra sem lei, tudo se pode, nada é proibido ou negado. Não existem leis, e seu governo desconsidera uma possível relação formal tampouco uma mínima igualdade entre os seus habitantes.
Felizmente não se pode sair ou adentrar em qualquer uma das versões desta cidade. Isso porque ao primeiro contato os intelectualmente instruídos invejariam as almas desgarradas, ao mesmo tempo em que os ratos devorariam algum dos quatro grandes ingredientes da própria Seis.





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